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Foto do escritorAldemar Almeida

Aquecimento do oceano impacta distribuição de corais e ameaça espécies exclusivas da costa

Aquecimento do oceano deve impactar sobrevivência de espécie tropical Mussismilia braziliensis, ou coral-cérebro – João Paulo Krajewk


A pesquisa alerta que espécies limitadas às regiões tropicais, como Mussismilia braziliensis, ou coral-cérebro, e Mussismilia harttii, podem ter dificuldades em migrar para o sul. Os cientistas analisaram doze espécies de corais, predizendo suas distribuições para os anos de 2050 e 2100 diante de um cenário intermediário de emissões de gases causadores do efeito estufa — os quais levam às mudanças climáticas que causam o aquecimento do oceano. Os resultados permitem propor ações de conservação específicas para cada espécie, levando em consideração as tendências observadas nas populações de corais.


Espécies de maior abrangência encontram maior probabilidade de expandir sua presença ao litoral subtropical. Por outro lado, “o resultado que mais nos impressionou foi o grande declínio que previmos para duas espécies de coral-cérebro que só ocorrem na costa brasileira, e que são importantes construtoras do maior complexo recifal do Atlântico Sudoeste, o Banco dos Abrolhos”, explica a primeira autora do estudo, a pesquisadora Melina Martello. “Com a perda dessas espécies, o ambiente deve reduzir a complexidade e biodiversidade associadas”, completa.


Segundo o trabalho, serão os corredores ecológicos que conectam as regiões tropical e subtropical do litoral brasileiro que, se preservados, aumentarão as chances de uma possível expansão e persistência dos corais. A criação de novas áreas de proteção marinhas – e fortalecimento das já existentes – na porção subtropical, por exemplo, podem assegurar a transferência de espécies para locais com clima mais favorável.


Agora, os pesquisadores pretendem investigar até que ponto a expansão dos corais é possível, conforme explica o chefe do Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFRN, Guilherme Longo, também autor do estudo. “O coral é um animal que fica fixo no recife. Ele joga larvas na água, que são levadas pelas correntes e atingem outro lugar. Então, o próximo passo é justamente incorporar ao modelo a capacidade biológica dos corais se dispersarem como estamos prevendo, e verificar se isso é favorecido pelos sistemas de correntes vigentes na costa brasileira. Assim, poderemos ter uma ideia mais precisa da probabilidade desse cenário, que o estudo prevê, ocorrer ou não”, analisa o cientista.

Agência Bori - Colaboração


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