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Foto do escritorAldemar Almeida

Jornalista pesquisadora natalense, é vencedora do Prêmio Compós de teses e dissertações

Foto: Rierson Marcos

Andrielle Mendes


O Dia Internacional dos Povos Indígenas, comemorado em 9 de agosto, é uma data de significativa relevância para a valorização e o reconhecimento das culturas indígenas em todo o mundo. Instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1994, essa celebração busca promover os direitos dos povos indígenas e reconhecer suas contribuições para a diversidade cultural e ambiental do planeta. No Brasil, essa data ganha um significado ainda maior, visto  a importância dos povos originários na construção da identidade nacional.


Natalense, jornalista, autora, mestra e doutora pelo Programa de Pós-graduação em Estudos da Mídia (PPGEM/UFRN), e vencedora do Prêmio Compós de Teses e Dissertações Eduardo Peñuela (2023), na categoria Tese, Andrielle Mendes estampa o ensaio em celebração a este dia memorável no perfil da UFRN no Instagram. O reconhecimento é histórico, pois pela primeira vez uma pesquisadora indígena recebe este prêmio.


Andrielle fala sobre seu processo de se reconhecer como mulher indígena. “Quando eu era mais jovem e usava o cabelo mais longo e alisado, pessoas desconhecidas costumavam me perguntar de onde eu era. Eu ficava intrigada com a pergunta, pois nasci e sempre vivi no Rio Grande do Norte. A minha mãe foi a primeira pessoa da família a se autodeclarar indígena. Isso ocorreu em 2010, durante o Censo do IBGE, mas eu não levei a sério, porque acreditava que indígena era apenas quem vivia na floresta. Dez anos se passaram até eu ser interrogada sobre a minha etnia por um pajé. Lembrei imediatamente da minha mãe e junto com ela começamos a investigar nossas raízes”, conta.


Andrielle relata ainda como vem se integrando às suas origens. “Embora eu ainda não saiba a minha etnia, fui acolhida pelo movimento indígena do RN. Muitas pessoas não sabem, mas o nosso estado possui 16 comunidades indígenas politicamente articuladas e reconhecidas pela Associação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo”, afirma.


Intitulada Comunicadoras Indígenas e a Descolonização  das Imagens, sua tese traz discussões relevantes para serem discutidas dentro da universidade. “Acredito que a maior contribuição da minha pesquisa foi propor uma abordagem metodológica e uma teoria da comunicação inspiradas em práticas sociais dos povos originários e de comunidades tradicionais. Apesar dos avanços, alguns setores da universidade ainda reproduzem práticas colonialistas que impedem que pessoas racializadas como não-brancas (pretas, pardas e indígenas) pensem o seu pensamento e digam a sua palavra”, pondera.

Até entrar no doutorado e ser interrogada pelo pajé, Andrielle não sabia que existiam indígenas pesquisadores. “Não fazia ideia porque a bibliografia não contemplava a autoria indígena e reservava um espaço muito pequeno para a autoria negra. Em minha tese, apresento vários autores negros e indígenas como forma de comprovar que podemos produzir conhecimento e fazer ciência de qualidade se tivermos oportunidade. O fato de a minha tese ter recebido o prêmio Eduardo Peñuela (Compós) de melhor tese de doutorado em Comunicação do país em 2023 atesta isso”, diz a jornalista, de 36 anos.



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