Foto – Arquivo pessoal Elissa Ostrosky
Pesquisa na área cosmética realizada pela professora Elissa Arantes Ostrosky, docente do departamento de Farmácia (Dfarm/UFRN), vinculado ao Centro de Ciências da Saúde (CCS), foi escolhida para participar de um evento internacional. A seleção foi promovida pela Natura, marca brasileira referência no ramo. A empresa lançou uma chamada científica com o objetivo de selecionar 20 pesquisadores que realizam estudos em sinergia com a marca. Três cientistas das regiões Norte e Nordeste foram premiados.
A professora Elissa foi uma das selecionadas e recebeu auxílio para representar a UFRN no 34th Congress International Federation of Societies of Cosmetic Chemists (IFSCC). O evento é o maior congresso de ciência cosmética do mundo e foi realizado pela primeira vez no Brasil, em Foz do Iguaçu (PR), no mês de outubro. A docente da UFRN apresentou um pôster durante o IFSCC intitulado Obtaining biotechnological active ingredients for use in cosmetic formulations (Obtenção de princípios ativos biotecnológicos para utilização em formulações cosméticas, em tradução livre).
. Foto – Arquivo pessoal Elissa Ostrosky
Atualmente, Ostrosky é coordenadora do Laboratório de Cosméticos (Lacos/UFRN) juntamente com o professor Márcio Ferrari. A docente coordena a pesquisa Sistemas encapsulados de lipases obtidos de resíduos vegetais para uso em formulações cosméticas: desenvolvimento biotecnológico e sustentável a partir de insumo proveniente da agricultura familiar de comunidade da área rural do estado do Rio Grande do Norte.
O trabalho propõe o desenvolvimento biotecnológico de formulações cosméticas contendo sistemas encapsulados de enzimas obtidas a partir do resíduo de coco e do fungo Aspergillus terreus, obtido de uma cepa padronizada (NRRL 225). A pesquisa também possui caráter de inovação e sustentabilidade, pois a obtenção da lipase é biotecnológica e não sintética, utilizando o resíduo da produção do óleo de coco. Além disso, promove uma perspectiva socioeconômica para a agricultura familiar regional.
Situado na região do Perímetro Irrigado Baixo-Açu, no Rio Grande do Norte, o acampamento rural Antônio Batista, localizado na divisa entre os municípios de Alto do Rodrigues e Ipanguaçu, produz o óleo de coco (Cocos nucifera L), que é doado para a pesquisa. A partir do óleo, é gerado, como resíduo, o bagaço, que no laboratório é processado e obtido a farinha de coco. Do ponto de vista biotecnológico, o resíduo é um promissor substrato para produção de enzimas como as lipases, que encapsuladas e veiculadas em sistemas emulsionados podem levar à obtenção de produtos que atuam na renovação celular, no cuidado da pele e dos cabelos.
Fazem parte da equipe do projeto a professora Cristiane Fernandes de Assis e o professor Francisco Canindé de Sousa Júnior, ambos do Departamento de Farmácia (Dfarm/UFRN). Também participam Millena Medeiros, doutora egressa do Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ/UFRN); Gabriela Rocha Ramos, aluna do Programa de Doutorado em Biotecnologia – Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO); e alunos de graduação do curso de Farmácia da UFRN.
Para Elissa Ostrosky, participar do IFSCC no Brasil foi uma experiência única e memorável. “Estamos falando do maior congresso de ciência cosmética do mundo e que pela primeira vez aconteceu aqui. Isso só foi possível porque o Brasil está entre os dez maiores países em termos de publicação científica na área cosmética. Já participei de outros IFSCC, na França e EUA, mas no Brasil teve um significado maior”, comenta. De acordo com a professora, a realização do evento no Brasil foi de extrema relevância. “O congresso trouxe uma lista diversificada de palestrantes de renome internacional, foram compartilhadas experiências, ideias e histórias que nos inspiram e motivam. Também proporcionou a oportunidade de mostrar nosso trabalho e o nosso país, que, sem dúvida, possui uma riqueza natural exuberante”, complementa. “Os projetos de pesquisa em andamento no Lacos/UFRN têm como foco o desenvolvimento da cadeia produtiva sustentável, buscando estratégias inovadoras que atrelam o desenvolvimento científico e tecnológico, com benefícios potenciais para a comunidade acadêmica e impactos positivos para a sociedade”, pontua Elissa.
Mais sobre a chamada científica da Natura
O edital lançado pela empresa foi divulgado por meio do programa Natura Campus, uma plataforma de conexão com o meio acadêmico e científico que tem o objetivo de promover inovação contínua de produtos a partir da atuação conjunta com o ecossistema. Pioneira no Brasil em relação ao uso de tecnologias emergentes na área de Cosmetologia, a Natura prioriza o desenvolvimento de produtos com ingredientes naturais. Atualmente, a empresa mantém relação com mais de dez mil famílias de 44 comunidades fornecedoras da Amazônia e, junto delas, busca contribuir para a preservação de 2,2 milhões de hectares de floresta. Por ser uma das selecionadas, a professora Elissa Ostrosky ganhou como prêmio a inscrição no congresso e também, o recurso para transporte e hospedagem, com intuito de inclusão geográfica do Norte e Nordeste.
Pesquisadores selecionados no stand da Natura presente no evento. Foto: Arquivo pessoal Elissa Ostrosky
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